Onde antes cresciam os tomates, crescem agora os alugueres de luxo. Os Horts de la Maladeta, em Nou Barris, já passaram à história. Durante mais de uma década, este local no bairro da Porta foi o símbolo da luta do bairro contra a especulação, uma “avenida verde” autogerida para travar a sobrelotação.
Pois bem, essa batalha de bairro, que se tornou a primeira iniciativa de cidadãos na história do distrito, foi perdida. As máquinas entraram em funcionamento em 2021 e, atualmente, o promotor Núñez y Navarro já construiu o seu primeiro bloco de apartamentos.
De um jardim de bairro ao pagamento de 2.100 euros de renda
O resultado foi uma bofetada na realidade do bairro, como explica um relatório da Betevé. O promotor colocou as primeiras rendas no mercado, com preços que vão dos 1500 aos 2100 euros por mês. Sim, em Nou Barris. Um apartamento de 90 m², como se pode ver nos portais imobiliários, é anunciado por 2.118 euros.
O Sindicato da Habitação de Nou Barris já fez barulho, denunciando que esses preços “não estão ao alcance” dos moradores e que isso só leva à sua expulsão do bairro. O mais surpreendente é que, apesar do preço, quase todos os apartamentos anunciados já foram alugados.
E o limite de renda? O truque da construção nova
A pergunta que todos fazem é óbvia: mas como é que isto é possível, se Barcelona é uma zona de stress e as rendas são, em teoria, limitadas? Eis o problema. Como o Sindicat de Llogateres já denunciou em várias ocasiões, a lei tem lacunas. O índice de preços que fixa o limite máximo tem uma exceção fundamental: não se aplica aos apartamentos recém-construídos (considerados como tal durante os primeiros cinco anos).
Também não se aplica a alugueres sazonais ou a casas muito grandes. Uma lacuna na lei significa que, onde antes existiam loteamentos como símbolo de resistência, existe agora um empreendimento de luxo que poucos habitantes do bairro poderão pagar.
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